Liga Europa – 1/16 de final (2.ª mão) – Arsenal – Benfica

Stádio Geórgios Κaraïsκáκis, Pireu (Atenas)

ArsenalArsenal – Bernd Leno, Héctor Bellerín (77m – Alexandre Lacazette), David Luiz, Gabriel Magalhães, Kieran Tierney, Daniel “Dani” Ceballos (63m – Willian Silva), Granit Xhaka, Martin Ødegaard (90m – Calum Chambers), Emile Smith Rowe (63m – Thomas Partey), Bukayo Saka (90m – Mohamed Elneny) e Pierre­-Emerick Aubameyang

BenficaBenfica – Helton Leite, Lucas Veríssimo, Nicolás Otamendi, Jan Vertonghen, Diogo Gonçalves, Adel Taarabt (58m – Gabriel Pires), Julian Weigl (90m – Gian-Luca Waldschmidt), Alejandro “Álex” Grimaldo (85m – Nuno Tavares), Luís Fernandes “Pizzi” (57m – Everton Soares), Rafael “Rafa” Silva e Haris Seferović (57m – Darwin Nuñez)

1-0 – Pierre­-Emerick Aubameyang – 21m
1-1 – Diogo Gonçalves – 43m
1-2 – Rafael “Rafa” Silva – 61m
2-2 – Kieran Tierney – 67m
3-2 – Pierre­-Emerick Aubameyang – 87m

Cartão amarelo – Adel Taarabt (5m)

Árbitro – Björn Kuipers (Holanda)

Entrando em campo, nesta 2.ª mão, em desvantagem na eliminatória, em função do golo sofrido na partida disputada em Roma, na condição de visitado, o Benfica sabia que seria necessário marcar para poder manter aspirações a seguir em frente na competição.

E a verdade é que a equipa surgiu mais desinibida, como a que querer jogar o “jogo pelo jogo”, discutindo com o adversário o controlo do meio-campo, pese embora continuasse a ser notória uma flagrante falta de inteligência emocional no último terço do terreno, perdendo-se a bola com muita facilidade, não conseguindo dar efectiva sequência a qualquer perspectiva de lance ofensivo, falho de definição no momento da transição meio-campo / ataque.

De facto este não foi um jogo bem jogado, de ambas as partes, entre duas equipas em crise. O Arsenal pareceu, de alguma forma, ter subestimado o valor do Benfica, confiando que a vitória não lhe escaparia, actuando sem grande intensidade, dando mesmo a ideia de displicência. Não obstante o predomínio em termos de posse de bola a formação inglesa também não criava situações de perigo, tendo realizado um único remate à baliza nos vinte minutos iniciais.

Até que, na primeira oportunidade, os arsenalistas se colocaram em vantagem no marcador, com Aubameyang, dando a melhor sequência a uma boa assistência de Saka, a isolar-se e a fazer a bola passar por cima do guardião contrário.

O Benfica não se descompôs – o tento sofrido não alterava substancialmente a sua posição, sendo que continuava a necessitar de um golo, agora para igualar a eliminatória – e acabaria por ser feliz, já à beira do intervalo: sem que, até então, tivesse feito algo por isso, aproveitaria um livre directo, a sancionar falta sobre Weigl, à entrada da área, para, com uma soberba execução de Diogo Gonçalves, marcar mesmo, restabelecendo o empate no desafio e na eliminatória.

Mais, a partir daí, era o Arsenal – actuando neste jogo na condição de visitado – a passar a ficar condicionado pela eventualidade de um segundo golo benfiquista, que, a suceder, implicaria a necessidade de os ingleses marcarem mais dois golos…

A toada de jogo não se alteraria substancialmente após a retoma, até que, logo após a passagem do quarto de hora do segundo tempo, o Benfica – até então a revelar eficácia extrema – beneficiaria de um tremendo erro da defensiva contrária, num mau atraso para o guarda-redes, com Rafa a interceptar a bola, a tornear Bernd Leno, e – fugindo ao risco -, praticamente, a entrar com a bola pela baliza dentro!

O Benfica passava a ganhar e, num ápice, parecia agora ter a eliminatória “na mão”, assim conseguisse manter a serenidade. Por coincidência, Jorge Jesus tinha acabado de fazer, menos de cinco minutos antes do segundo tento benfiquista, três substituições, as quais, contudo, não surtiriam efeito para a meia hora final.

A vantagem da turma portuguesa no jogo não duraria mais de seis minutos, tendo sido, desta vez, Tierney a tirar partido das facilidades concedidas pela defesa contrária – com Everton a proporcionar-lhe todo o espaço, para manobrar à vontade -, para igualar o “placard” a duas bolas… o que, não obstante, mantinha o Benfica em vantagem na eliminatória.

Como tantas vezes sucede, começando a sentir-se “acossado”, num instinto de preservação, o Benfica foi recuando no terreno, aproximando-se gradualmente da sua linha de grande área. E, depois de dois momentos de alguma dose de “felicidade”, a equipa portuguesa acabaria por vir a passar por outras duas situações de “infelicidade”.

Primeiro, no que poderia ter sido o “momento do jogo”, com Darwin Nuñez, a surgir desmarcado, na sequência de um lance de transição, mas a desperdiçar o que seria o terceiro golo, que, certamente, teria sentenciado o desfecho da eliminatória a favor do Benfica; o jovem avançado uruguaio, na “Hora H”, no frente-a-frente com um último opositor, atrapalhou-se, acabando por nem rematar em condições, nem cruzar a bola para outros colegas que acompanhavam  o lance, também em boa posição.

Por fim, a escassos três minutos do termo do encontro – tendo-se “posto a jeito”, e mesmo que o Arsenal não tivesse sido fortemente ameaçador -, o Benfica viria a sofrer o golo que ditaria a derrota e consequente eliminação. Já em período de compensação, haveria ainda uma oportunidade para o 3-3, que, contudo, não se concretizou.

Depois de ter sido afastado da Liga dos Campeões, ainda numa pré-eliminatória, em Salónica, o Benfica viu fechar-se a sua participação europeia nesta temporada – quedando-se, outra vez, tal como na época passada, pelos 1/16 de final da Liga Europa – em Atenas, guardando, pois, más recordações da Grécia. Pior de tudo: a sensação de que se desperdiçou uma rara ocasião para suplantar um adversário com a nomeada do Arsenal, afinal – na sua condição actual – ao alcance de um Benfica que pudesse também dispor de um pouco mais de auto-confiança.

Liga Europa – 1/16 de final (1.ª mão) – Benfica – Arsenal

Estádio Olímpico de Roma

BenficaBenfica – Helton Leite, Lucas Veríssimo (85m – Francisco “Chiquinho” Machado), Nicolás Otamendi, Jan Vertonghen, Diogo Gonçalves, Adel Taarabt (77m – Gabriel Pires), Julian Weigl, Luís Fernandes “Pizzi” (63m – Everton Soares), Alejandro “Álex” Grimaldo, Gian-Luca Waldschmidt (45m – Rafael “Rafa” Silva) e Darwin Nuñez (63m – Haris Seferović)

ArsenalArsenal – Bernd Leno, Héctor Bellerín, David Luiz, Gabriel Magalhães, Cédric Soares (63m – Kieran Tierney), Martin Ødegaard (90m – Willian Silva), Daniel “Dani” Ceballos (90m – Mohamed Elneny), Granit Xhaka, Bukayo Saka, Pierre­-Emerick Aubameyang (77m – Nicolas Pépé) e Emile Smith Rowe (77m – Gabriel Martinelli)

1-0 – Luís Fernandes “Pizzi” (pen.) – 55m
1-1 – Bukayo Saka – 57m

Cartão amarelo – Emile Smith Rowe (54m)

Árbitro – Cüneyt Çakır (Turquia)

Num muito particular contexto pandémico, que originou o agendamento dos jogos envolvendo clubes ingleses para terreno neutro, o Benfica teve de disputar em Roma o encontro que lhe cabia jogar em casa – sendo que a 2.ª mão será jogada em Atenas -, com o ajustamento mental que tal implicará, numa eliminatória em que, ainda assim, subsiste em aplicação a regra geral do desempate com base nos golos marcados “fora de casa”.

Neste âmbito, as duas equipas procuraram adaptar-se, ficando bem patente, desde o começo, que a principal preocupação da equipa portuguesa seria a de procurar manter inviolada a sua baliza, assinalando-se a aposta de Jesus num trio de centrais, coincidindo com a estreia absoluta do reforço de Inverno, Lucas Veríssimo. Mas, efectivamente, nenhuma das equipas se mostrou disposta a arriscar, adoptando atitude conservadora, pese embora o Arsenal tivesse assumido o controlo do jogo, bem expresso pelas estatísticas de “posse de bola” (mais de 70% nessa fase inicial).

Ao longo de toda a primeira parte, em que o Benfica praticamente se limitou a ficar na expectativa, muito recuado, meramente reactivo face à iniciativa contrária, houve apenas uma soberana ocasião de golo a assinalar, logo aos 18 minutos, incrivelmente desperdiçada por Aubameyang – isto já depois de, no minuto precedente, Helton Leite ter saído da sua área para interceptar de cabeça um outro lance ofensivo.

Sem realmente ter feito muito por isso, a turma benfiquista colocar-se-ia em vantagem, aproveitando uma grande penalidade, a sancionar um corte com o braço (na sequência de um “canto curto”), que proporcionou a Pizzi chegar aos sete golos, em outros tantos desafios da Liga Europa na presente temporada. Porém, tal situação não duraria mais de dois minutos, com o Arsenal prontamente a restabelecer a igualdade, beneficiando de um ressalto de bola em Otamendi, com Bukayo Saka a conseguir escapar à marcação dos centrais.

Na última meia hora de jogo o Benfica, porventura a acreditar que poderia discutir o resultado, mostrou-se mais “solto”, conseguindo enfim repartir a posse de bola, pese embora sem criar flagrantes oportunidades, com o momento de maior “frisson” a resultar de um remate de Everton, aos 73 minutos. Ao contrário, seria Aubameyang a falhar novamente, por duas vezes (aos 63 e aos 75 minutos, neste último com oportuna acção de Lucas Veríssimo).

O desfecho desta partida acabaria por revelar-se lisonjeiro para o Benfica, bem melhor que a exibição da equipa, sem “chama”, longe de qualquer rasgo – em paralelo a penalizar a ineficácia inglesa, com o Arsenal, a dada altura, também a parecer satisfeito com o resultado (o qual lhe confere vantagem no tal critério de desempate), mas que adia a decisão da eliminatória para… Atenas.